quinta-feira, 21 de abril de 2011

Instituição da Eucaristia


Na véspera da festa da Páscoa, como Jesus sabia que havia chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (cf. Jo 12,1). Caía a noite sobre o mundo, porque os velhos ritos, os antigos sinais da misericórdia infinita de Deus para com a humanidade iam realizar-se plenamente, abrindo caminho a um verdadeiro amanhecer: a nova Páscoa. Eucaristia foi instituída durante a noite, preparando antecipadamente a manhã da Ressurreição.


Comecemos desde já a pedir ao Espírito Santo que nos prepare para podermos entender cada expressão e cada gesto de Jesus Cristo: porque queremos viver vida sobrenatural, porque o Senhor nos manifestou a sua vontade de se dar a cada um de nós em alimento da alma, e porque reconhecemos que só Ele tem palavras de vida eterna.


A fé leva-nos a confessar com Simão Pedro: Nós acreditamos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho de Deus. E é essa mesma fé, fundida com a nossa devoção, que nesses momentos transcendentes nos incita a imitar a audácia de João, a aproximar-nos de Jesus e a reclinar a cabeça no peito do Mestre, que amava ardentemente os seus e, como acabamos de ouvir, iria amá-los até o fim.


Tenhamos em mente a experiência tão humana da despedida de duas pessoas que se amam. Desejariam permanecer sempre juntas, mas o dever – seja ele qual for – obriga-as a afastar-se uma da outra. Não podem continuar sem se separarem, como gostariam. Nessas situações, o amor humano, que, por maior que seja, é sempre limitado, recorre a um símbolo: as pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, possivelmente uma fotografia, com uma dedicatória tão ardente que é de admirar que o papel não se queime. Mas não conseguem muito mais, pois o poder das criaturas não vai tão longe quanto o seu querer.

Porém, o Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade.


(Fonte: "É Cristo que passa, 83 - Textos de São Josemaria")
http://www.cancaonova.com/portal/canais/especial/semanasanta2005/quinta_2.php



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